Breve histórico da vida de Santa Catarina de Sena.
Nasceu na Festa da Anunciação no ano de 1347 em Sena, Itália, “a cidade da Virgem”, uma jovem de beleza extraordinária e de uma grande força de vontade. Em só 33 anos de santidade heróica, viveu, sofreu e morreu pelo Corpo Místico de seu amado Senhor. Esta alma extraordinária é conhecida na historia como Santa Catarina de Sena, uma das maiores Santas da Igreja, e uma das mais fascinantes.
Durante sua curta vida converteu a muitos, de diferentes idades e classes, a uma autêntica vida cristã. Os que a conheciam sabiam que bastava apresentar um pecador a Catarina e por sua sensível, porém profunda caridade e por seu coração e personalidade, o pecador era movido a “mudar de vida”, como diziam a seus seguidores em Sena.
Jesus Cristo é centro de sua vida
Catarina foi tão intensamente devota a seu Salvador que Ele foi o centro de todas suas muitas experiências místicas. Porém veremos como a santa, tinha uma terna, amorosa e confiada relação com a Virgem Santíssima, e em um número significante de eventos em sua vida. Foi na Mãe de Deus que ela buscou seu refúgio, e a Virgem que veio em sua ajuda.
Confiança e amor a Virgem Maria
Desde criança, começou a orar à Rainha de Sena, e sempre se ouvia rezar a Ave Maria, descendo as escadas de sua casa. Um dia quando tinha 06 anos de idade, elevou os olhos para o alto e de repente viu sobre o teto da Igreja de São Domingos ao Rei dos Reis sobre um esplêndido trono, com as vestes do Santo Padre o Papa, e com Ele estavam: São Pedro, São Paulo e São João. Jesus olhando com ternura para Catarina levantou os braços e por três vezes a abençoou fazendo o sinal da Cruz com a mão direita, como o fazem os Bispos.
Desde esse momento Catarina deixou de ser uma menina, se enamorou profundamente de seu amado Salvador. “Essa visão e essa benção foram tão poderosas que depois ela não pode pensar em nada mais que nos ermitões, e em como imita-los.”
No ano seguinte, ante o quadro de Nossa Senhora, se ofereceu ao Senhor que a havia abençoado. Neste momento tão crucial orou a Virgem: “Santíssima Virgem, não olhes minha debilidade, pelo contrário dá-me a graça de ter como Esposo à aquele a quem amo com toda a minha alma, Teu Santíssimo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo! Prometo que nunca terei outro esposo”.
Santa Catarina perguntou ao Senhor: “ Doce Cordeiro sem mancha, Tu estavas morto quando teu peito foi aberto? Por que então, permitiste que Teu Coração fosse ferido e aberto com tanta violência (força)? ”Nosso Senhor lhe respondeu: Só Jesus Cristo será seu esposo“Por várias razões, mas a principal é que meus desejos de amor pela raça humana eram tão infinitos e como o tempo do sofrimento e tortura já estavam terminando… Eu desejei ir mais além... É por isto que Eu quiz revelar-te os segredos de meu coração, permitindo-te ver-lo aberto, para que possas entender que te amei muito mais do que te podia provar por um sofrimento que já estava terminando.”
Querem obrigá-la a se casar
Quando Catarina tinha doze anos, sua família queria obrigá-la a se casar. Ela depois de consultar um sacerdote dominicano sobre seu voto de castidade e de como defende-lo diante desta ameaça, cortou seu cabelo como sinal de ter cortado os laços com o mundo. Seus pais faziam todo o possível para impedir que ela tivesse tempo de oração e solidão. Puseram-na a trabalhar a toda hora, tratando-a mal, como servente da família. Catarina humildemente aceitou esta recusa de sua família e agia como se estivesse na casa de Nazaré, tomando como sua única mãe a Virgem Maria Santíssima.
Suas irmãs e amizades a persuadiram a que participasse em suas diversões e vaidades. Porém rapidamente se arrependeu e lhe doeu o coração pelo resto de sua vida. Considerou esta atitude como a maior infidelidade a seu esposo do céu, pois ela muito se culpava. A morte de sua irmã mais velha, Boaventura, ocorrida pouco depois, confirmou-a nos seus sofrimentos.
Modelo de virtude antes de seus quinze anos de idade.
Com seu exemplo de humildade, obediência e caridade diante de sua família, conquistou a todos, e então permitiram que fosse membro da Terceira Ordem de São Domingos e a ter um quarto privado.
Ali começou a fazer atos de mortificações heroicas. Se alimentava principalmente de ervas e vestia-se com tecidos rudes. Assistia com grande generosidade aos pobres, aos enfermos e consolava aos presos. Submetia sua vontade à vontade do Senhor. Em suas penitências, dava verdadeiro valor ao que fazia.
Suas grandes experiências místicas, não lhe afastaram de duras provas. Sofria por seu temperamento forte, que dominava com grande paciência e pelos banhos quentes que lhe ordenaram os médicos. Em meio a seu esforço por se controlar, orava sem cessar para expiar suas ofensas e purificar seu coração.
Recebe o hábito da Terceira Ordem Dominicana
Na noite anterior de sua profissão na Ordem, depois de passar por uma severa prova na qual o demônio lhe apareceu um cavaleiro muito charmoso e elegante e lhe ofereceu um traje de seda com jóias brilhantes, Catarina se atirou sobre o Crucifixo e gritou: “Meu único, meu amado Esposo, Tu sabes que jamais desejei a ninguém mais do que a Ti. Vem e me ajuda, meu amado Salvador”.
No mesmo instante, estava em frente a Catarina a Mãe de Deus, tendo em suas mãos um traje de ouro, e como voz suave e terna, a Virgem lhe disse: “Este vestido, filha minha, trouxe do Coração de meu filho. Estava escondido na ferida aberta do Coração aberto de meu Filho, como em uma caixa de ouro, que te fiz com minhas próprias mãos”.
Então com fervoro amor e humildade, Catarina inclinou sua cabeça, enquanto a Virgem Mãe de Deus lhe colocava este vestido celestial.
EM 1635, aos 18 anos ( alguns escritores dizem aos 20 anos), recebeu o hábito da Terceira Ordem Dominicana.
Durante três anos, depois de receber o hábito, Catarina viveu na Santa Solidão de seu pequeno quarto e em sua capela favorita. Ali passou por uma formação profunda, baseadas na auto-negação e desenvolvimento espiritual debaixo da direção pessoal de Jesus Cristo e de sua Mãe. Não falava senão com Deus, a Virgem e seu confessor.
Severos ataques do Demônio
A serpente, vendo sua vida angelical, a assaltava buscando destruir suas virtudes. Suscitava em suas imaginações com as mais sujas representações e assaltava seu coração com as mais baixas e humilhantes tentações. Depois sua alma ficava em uma nuvem de escuridão, a mais severa prova que se pode imaginar.
Se via a si mesma várias vezes na beirada do precipício, porém sempre sustentada por uma mão invisível. Suas armas eram: Oração fervorosa, a humildade, resignação e confiança em Deus. Assim venceu as provas que serviram muito para purificar seu coração. Nosso Senhor a visitou e ela lhe disse:” Donde estavas Meu Divino Esposo, enquanto eu vacilava diante de tão temível condição de abandono? Jesus lhe respondeu: “Estava contigo”. “Como?” Respondeu Catarina “Entre as sujas abominações em que infectam minha alma?”
Jesus lhe responde: “Eram desagradáveis e sumamente dolorosas para ti. Este conflito, porém, foi teu mérito, e a vitória sobre ela foi devido a minha presença”.
O inimigo também a instigava ao orgulho... porém a humildade era sua defesa. Deus a recompensou com sua caridade para com os pobres e com muitos milagres.
Núpcias com Jesus
Um dia de quinta-feira depois de que Catarina havia orado o dia com extraordinária fé, Nosso Senhor lhe apareceu e lhe disse: “Já que por amor a Mim tens renunciado a todos os gozos terrestres e desejas gozares somente em Mim, desejo celebrar solenemente Meu casamento contigo e tomar-te como minha esposa na fé”.
Enquanto o Senhor falava, apareceram muitos anjos, Sua Santíssima Mãe, São João, São Paulo e São Domingos (ela era de sua Ordem). E enquanto o Rei Davi tocava uma doce música em sua harpa, nossa amorosa Madre tomou a mão de Catarina e a pôs na mão de seu filho. Então Jesus, pôs um anel de ouro no dedo de Catarina, e disse: “Eu, Teu Criador e Salvador, te aceito como esposa e te concedo uma fé firme que nunca falhará. Nada temas, coloco em ti o escudo da fé e prevalecerá sobre todos teus inimigos”.
Conselheira de papas e dos pobres.
Com a fortaleza recebida do Senhor, Catarina continuou crescendo em seu fervor e afetividade e no apostolado, primeiro entre as pessoas de Sena, logo em Pisa, em Florença e eventualmente nas cidades Papais de Avignon e Roma.
Catarina foi atraindo um grupo de devotos amigos. Todos seus discursos, ações e até seu silencio induzia ao amor e a virtude.
Segundo o Papa Pio II, “todos que se aproximaram dela cresceram nas virtudes, se tornaram melhores pessoas”.
Estabeleceu uma inspiradora correspondência que alcançou seis volumes. Começava todas suas cartas com estas palavras: “Em nome de Jesus Cristo Crucificado e da Doce Maria”/
Santa Catarina chegou a influenciar a dois Papas, numerosos padres e religiosos. Mas que nenhum outro fator, foram as orações e sacrifícios desta jovem esposa de Cristo, as que permitiram serem instrumento de mensagens divinas que chegaram a ser escutadas pelo Papa.
A Conversão de Nannes
Nannes, um poderoso personagem, foi levado até a santa, Nada do que ela falava parecia ter efeito para aquele duro coração. Então Catarina fez uma pausa repentina para oferecer orações por ele. Nesse mesmo instante o jovem começou a chorar, profundamente convertido. Se reconciliou com seus inimigos e se dedicou a penitência. Quando mais tarde Nannes sofreu muitas calamidades temporais. A santa se alegrava como entendendo que era para seu bem espiritual. “Deus purificou seu coração”, disse Catarina: “do veneno com que estava infectado por seu grande apego as criaturas”. Nannes deu a Catarina uma Mansão, que ela com aprovação do Papa, converteu em um convento.
Foram muitas as conversões impressionantes que se deu por sua mediação. Entre elas, durante a peste de 1374, onde serviu os enfermo, juntamente com os santos dominicanos, Raimundo de Cápua e Bartolomeu de Sena.
Os pecadores mais empedernidos se abrandavam diante do poder de suas exortações.
Tinha o dom da cura
Catarina tinha grande compaixão pelos enfermos e os atendia com esmero. Em uma visita a Pisa, enviada por seus superiores, curou a muitos enfermos e levou muitas almas a conversão.
Intercede por um condenado a morte
Como Catarina dedicava toda a sua vida inteiramente ao serviço do Crucificado e de sua Doce Mãe, esta sempre vinha em seu auxílio.
Em ocasiões em que Catarina tinha entre as mãos a conversão de um endurecido pecador, se dirigia com confiança a Mãe de Misericórdia. Através da Virgem Santíssima conseguiu da resignação e da paz para um jovem condenado a decapitação e pode estar com ele até o final.
“Esperei por ele no lugar da execução, esperei em oração continua e na presença de Maria e antes que ele chegasse, pus minha cabeça sobre o ladrilho e orei suplicando ao céu, repetindo: “Maria!”. Queria obter a graça de que ela, no último momento, lhe dera luz e paz. E Maria não me desapontou”.
Milagres ao serviço dos pobres
Em ao menos duas ocasiões Catarina recebeu ajuda sobrenatural da parte da Virgem Maria, quando preparava comida para os demais. Uma vez quando estava fazendo pão para sua família, outra vez foi durante uma epidemia, donde pela mesma quantidade de farinha que tinham todos os demais, conseguiu cinco vezes mais pães.
Não devemos duvidar que Jesus lhe concedia tanto porque ela por sua parte era sempre fiel, disposta a sofrer tudo e passar as maiores provas por Seu Amor.
O maior dos milagres possivelmente foi sua paciência ante os severos ataques e calunias de pessoas ingratas que ela havia beneficiado com seus serviços. Assim foi`o caso de uma mulher leprosa a quem todos haviam abandonado e que Catarina cuidou com esmero. Seu cuidado continuou o mesmo apesar dos insultos da mulher. Atendeu a outra mulher cancerosa. Por muito tempo Catarina vencia seu natural desagrado e cuidava e protegia suas chagas. Esta sem embargo publicou contra Catarina as calúnias mais infames. Catarina sofreu em silencio a perseguição violenta e continuou com afeto seus serviços até que com sua paciência e oração obteve de Deus a conversão de ambas.
Um nobre secretário
Estevão foi um dos mais próximos discípulos de Catarina. Filho de um senador de Sena, este nobre havia sido reduzido a ruína por seus inimigos. A santa lhe ensinou o caminho do Evangelho e a renuncia por seus inimigos. A Santa lhe ensinou o caminho do Evangelho e a renuncia das coisas do mundo. Se fez secretário da santa e cumpriu suas palavras e cartas. Foi seu companheiro nas viagens a Avignón, Florença e Roma. Mais tarde, por conselho da santa, Estevão se fez Monge Cartucho. Assistiu a santa em sua morte e escreveu sobre sua vida.
O Diálogo da Divina Providência
Foi no “dia de Maria”, como Catarina chamava o sábado, que começou seu famoso escrito:“Dialogo da Divina Providência”, um tratado inspirado sobre as virtudes cristãs, que lhe deu o título mais tarde de “Doutora da Igreja”.
Neste Diálogo a Santa relara o que Jesus lhe diz certa vez: “Considerai, caríssima filha, a que estado excelentíssimo fica elevada a alma, quando recebe, no devido modo, este Pão da Vida, alimento dos Anjos. Ao recebe-lo, ela está em mim e Eu nela. Como o peixe está no Mar e o mar no peixe, assim eu estou na alma e alma em mim, que sou o Mar de Paz”.
Catarina foi testemunha de vários prodígios Eucarísticos, como por exemplo, via na Hóstia Santa a Imagem de Jesus Cristo com diferentes idades. O ardente amor que tinha para com a Eucaristia, levou-a a ter uma heróica caridade com os mais pobres.
A Virgem Maria lhe dá um Confessor
Catarina havia orado por muitíssimo tempo para conseguir um bom confessor e diretor espiritual. Ela, como todos os santos, compreendia a importância de ser guiada por um santo pastor de almas. Um dia durante a missa na Igreja dominicana de Santa Maria, em Florência, lhe pareceu a santa que a Virgem estava de pé a seu lado e lhe indicava um sacerdote para que fora seu guia. Era o Padre Raimundo de Cápua, este se converteu no diretor espiritual de Catarina. Depois de muitos anos de relação muito frutífera, lhe chamou: “Meu Padre, meu filho, que minha Doce Maria me deu por presente”. Ele por sua parte cresceu muito espiritualmente graças a inspiração da santa e chegou a ser beatificado.
Inspira o retorno do Papado à Roma
Em, 1375 Florencia, Perugia, e uma grande parte da região Toscana da Itália até os Estados Pontifícios, se juntaram contra a Santa Sé. O coração de Catarina, que três anos antes havia profetizado estes fatos, se encheu de dor. Por suas orações e esforços, muitas cidades, entre elas Arezzo, Luca e Sena, se mantiveram fiéis ao Papa.
O Papa Gregório XI, que residia em Avignon, ao não conseguir nada com suas cartas a Florença, enviou um exército a esta cidade. As divisões internas levaram os florentinos a buscarem reconciliação. Pediram então a Santa Catarina que foi a mediadora deste conflito. A Santa chegou a Avignón em 18 de junho de 1376. O Papa se reuniu com ela e com grande admiração por sua prudência e santidade, lhe disse então: “No quero outra coisa senão paz. Ponho este assunto inteiramente em tuas mãos.
O Papado se encontrava em Avignon (hoje parte da França), desde 1314, quanto foi eleito Papa que recebeu o nome de João XXII. Seus sucessores também viveram em Avignon.
O Papa é o Bispo de Roma, pelo que os romanos protestavam que seu Bispo os havia abandonado por setenta e quatro anos, e ameaçavam com um cisma. Gregório XI havia feito voto secreto de regressar a Roma, porém não se decidia ao notar a resistência de sua corte.
Aproveitando a presença de Catarina em Avignon, lhe consultou sobre o caso, desejando orientação sobre o que fazer:
“Cumpra o que prometeu a Deus”, foi a resposta de Catarina. A santa recebeu do Senhor a certeza de que o Papa devia regressar a Roma e aquele foi o momento em que Deus pode comunicar ao Santo Padre.
O Papa surpreendido pela revelação que Deus, pois seu pensamento não havia revelado a ninguém, decidiu cumprir com sua mudança para Roma. Catarina por varias ocasiões animando-o e apressando-o a retornar para Roma. O Papa saiu de Avignon em 14 de setembro de 1376.
Não tardaram a aparecer os ataques por ciúmes, muitas eram as ciladas farisaicas daqueles que queriam atrapalhar a vida da santa. Porém todos ficaram assombrados diante da capacidade de resposta da santa, principalmente perguntas difíceis sobre a vida interior e outros temas. Por outro lado, os florentinos continuavam em suas intrigas contra o Papa, que enviou Catarina para viver nesta cidade. Ali sofreu muitíssimo e em várias ocasiões teve sua vida ameaçada. Porém ao final de 1378, conseguiu a reconciliação desta cidade com o Sucessor de Gregório, o Papa Urbano VI.
Gosto pela vida contemplativa
Em seguida Catarina voltou a Sena para continuar sua vida solitária de oração intensa. Algumas de suas meditações foram recolhidas do Tratado sobre a Providência.
Por anos viveu em abstinência rigorosa, de tal maneira que praticamente se alimentava somente da Eucaristia. Em uma ocasião jejuou desde quarta-feira de cinzas até o dia da Festa da Ascensão, recebendo somente a Sagrada Hóstia.
A Coroa de Espinhos
Em uma visão, O Senhor se apresentou duas coroas, uma de ouro e outra de espinhos, convidando-a a escolher a que mais lhe atraia. Ela respondeu: “Eu desejo, oh Senhor, viver aqui sempre conformada a Tua Paixão e a Tua dor, encontrando na dor e no sofrimento minha resposta e deleite”. Então, com decisão tomou a coroa de espinhos e a pressionou com força sobre sua cabeça.
Experiências Místicas com a Virgem Maria Mãe de Deus
Duas vezes, em festas litúrgicas especiais, a Virgem lhe ajudou milagrosamente. Durante uma Missa de Ano Novo, Catarina estava tomada pela emoção, quando se pôs de pé para receber a comunhão, quase veio a cair. A Virgem, com suas mãos ternas e ao mesmo tempo forte, a sustentou até que se recuperasse.
No dia da Assunção, que tradicionalmente era a maior festa do ano em Sena, chamada a Cidade da Virgem, Catarina estava muito enferma na cama, e desejava intensamente ao menos poder ver a Catedral. De repente se encontrou no Átrio da Catedral da Assunção de Nossa Senhora, e pode caminhar perfeitamente e participar na Missa Solene dedicada a Virgem.
O Menino Jesus
Catarina tinha grande devoção ao Menino Jesus, uma noite de Natal, enquanto orava com suas irmãs da Terceira Ordem na Igreja de São Domingos, lhe sucedeu uma visão impressionante. A Virgem Maria de joelhos adorando com grande fervor o recém nascido, o Divino Menino. Catarina estava em profundo recolhimento, e suplicou humildemente a Virgem que lhe permitisse pegar nos braços por um momento o Menino Jesus. Com um sorriso afetuoso a Virgem Maria tomou nos braços o Menino Jesus e o entregou a Catarina, que tendo-os em seus braços, o beijou e sussurrou nos seus ouvidos os nomes de todas as pessoas que lhe eram queridas.
Pouco antes de morrer, no Advento, Santa Catarina escreveu estas palavras a uma amiga:
“Te peço, neste doce tempo do Advento e de festa da Natividade de Jesus, que visites o presépio onde repousa o Manso Cordeiro. Ali encontrarás também a Maria, uma estrangeira em um exílio de grande pobreza que não tem como vestir o Filho de Deus, ou fogo para aquece-lo. Assegura-te de sempre recorrer a Virgem Santíssima, abraçando a cruz”.
Santa e Mística
Experimentou maravilhosas experiências misticas. Com a idade de 26 anos, ela começou a sentir as dores de Cristo, em seu corpo. Dois anos mais tarde, em 1375, durante uma visita a Pisa, ela recebeu a Comunhão na pequena igreja de Santa Christina. Quando ela meditava e agradecia orando ao crucifixo, raios de luz furaram suas mãos, pés e o lado e todos puderam ver os estigmas de Cristo nela. Por causa de tanta dor ela não falava nem comia. Assim ficou por oito anos sem comer líquidos ou qualquer outra coisa que não fosse a Sagrada Comunhão.
Ela orava para que as marcas não fossem muito visíveis, e elas ficaram pouco visíveis, mas após sua morte os estigmas ficaram bem visíveis em seu corpo incorrupto, como uma transparência na pele, no local das chagas de Cristo.
As vezes quando orava ela levitava. Uma vez quando recebia a Sagrada Comunhão o padre sentiu a hóstia tornar-se viva, movendo-se agitada e voando de seus dedos para a boca de Catarina.
Especial proteção contra incêndios
Na "Vida de Santa Catarina" a Madre Francisca Rafaela relata que a santa era imune ao fogo. Ela conta que certa vez Catarina caiu em um fogo na cozinha e apesar do fogo ser grande quando foi retirada dele por outros membros presentes, nem ela, nem suas roupas estavam sequer chamuscadas.
As Turbulências políticas continuam
Em 1378, ocorre grande cisma na Igreja. Ao morrer Gregório XI , O Papa Urbano VI foi eleito. Mais tarde vários Cardeais declararam a eleição nula e elegeram outro Papa, Clemente VII, e retornaram a Avignon.
Santa Catarina, sofreu muito por Jesus e sua Igreja. Escreveu a vários Cardeais e Príncipes de vários países implorando-lhes que reconhecessem o Papa Urbano e assim acabasse o cisma. Também escreveu ao Papa Urbano, que controlasse seu temperamento difícil, que justamente foi o responsável por gerar os conflitos. O Papa escutou Catarina, retrocedeu em seus atos e designou para ajudá-lo a persuadir os Cismáticos. Trabalhando na missão em Roma, morreu jovem, aos 33 em anos de idade, em 29 de abril de 1380.
Seu corpo foi encontrado incorrupto e conservado em 1430.
Foi canonizada em 1461 e declarada Doutora da Igreja em 1970.
É co-padroeira do Continente Europeu junto com Santa Edith Stein e Santa Brígida da Suécia, e padroeira da Itália junto com São Francisco
Para apreciar a vida da Santa, tão abençoada com dons extraordinários, não podemos esquecer de seu incondicional amor à cruz. Teve grandes e prolongados sofrimentos, tanto os físicos como os de coração.
“Quando se ama muito, se sofre muito pelo amado”’. Ela sofria as ofensas contra Jesus, contra sua Mãe, contra a Igreja, contra os pobres. Sofria pelos pecadores. Ainda que, muitos admiravam sua personalidade, outros tantos a perseguiram e a fizeram sofrer. Suas virtudes heróicas a fizeram vitoriosa sobre suas paixões e as provas mais difíceis. É por isso tudo que devemos admirar e nos servir de inspiração na busca da santidade a vida de Santa Catarina.
Em Santa Catarina de Sena, vemos o que Deus pode fazer com um coração que se deixa transpassar de por Ele e pela Virgem Maria.
Nasceu na Festa da Anunciação no ano de 1347 em Sena, Itália, “a cidade da Virgem”, uma jovem de beleza extraordinária e de uma grande força de vontade. Em só 33 anos de santidade heróica, viveu, sofreu e morreu pelo Corpo Místico de seu amado Senhor. Esta alma extraordinária é conhecida na historia como Santa Catarina de Sena, uma das maiores Santas da Igreja, e uma das mais fascinantes.
Durante sua curta vida converteu a muitos, de diferentes idades e classes, a uma autêntica vida cristã. Os que a conheciam sabiam que bastava apresentar um pecador a Catarina e por sua sensível, porém profunda caridade e por seu coração e personalidade, o pecador era movido a “mudar de vida”, como diziam a seus seguidores em Sena.
Jesus Cristo é centro de sua vida
Catarina foi tão intensamente devota a seu Salvador que Ele foi o centro de todas suas muitas experiências místicas. Porém veremos como a santa, tinha uma terna, amorosa e confiada relação com a Virgem Santíssima, e em um número significante de eventos em sua vida. Foi na Mãe de Deus que ela buscou seu refúgio, e a Virgem que veio em sua ajuda.
Confiança e amor a Virgem Maria
Desde criança, começou a orar à Rainha de Sena, e sempre se ouvia rezar a Ave Maria, descendo as escadas de sua casa. Um dia quando tinha 06 anos de idade, elevou os olhos para o alto e de repente viu sobre o teto da Igreja de São Domingos ao Rei dos Reis sobre um esplêndido trono, com as vestes do Santo Padre o Papa, e com Ele estavam: São Pedro, São Paulo e São João. Jesus olhando com ternura para Catarina levantou os braços e por três vezes a abençoou fazendo o sinal da Cruz com a mão direita, como o fazem os Bispos.
Desde esse momento Catarina deixou de ser uma menina, se enamorou profundamente de seu amado Salvador. “Essa visão e essa benção foram tão poderosas que depois ela não pode pensar em nada mais que nos ermitões, e em como imita-los.”
No ano seguinte, ante o quadro de Nossa Senhora, se ofereceu ao Senhor que a havia abençoado. Neste momento tão crucial orou a Virgem: “Santíssima Virgem, não olhes minha debilidade, pelo contrário dá-me a graça de ter como Esposo à aquele a quem amo com toda a minha alma, Teu Santíssimo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo! Prometo que nunca terei outro esposo”.
Santa Catarina perguntou ao Senhor: “ Doce Cordeiro sem mancha, Tu estavas morto quando teu peito foi aberto? Por que então, permitiste que Teu Coração fosse ferido e aberto com tanta violência (força)? ”Nosso Senhor lhe respondeu: Só Jesus Cristo será seu esposo“Por várias razões, mas a principal é que meus desejos de amor pela raça humana eram tão infinitos e como o tempo do sofrimento e tortura já estavam terminando… Eu desejei ir mais além... É por isto que Eu quiz revelar-te os segredos de meu coração, permitindo-te ver-lo aberto, para que possas entender que te amei muito mais do que te podia provar por um sofrimento que já estava terminando.”
Querem obrigá-la a se casar
Quando Catarina tinha doze anos, sua família queria obrigá-la a se casar. Ela depois de consultar um sacerdote dominicano sobre seu voto de castidade e de como defende-lo diante desta ameaça, cortou seu cabelo como sinal de ter cortado os laços com o mundo. Seus pais faziam todo o possível para impedir que ela tivesse tempo de oração e solidão. Puseram-na a trabalhar a toda hora, tratando-a mal, como servente da família. Catarina humildemente aceitou esta recusa de sua família e agia como se estivesse na casa de Nazaré, tomando como sua única mãe a Virgem Maria Santíssima.
Suas irmãs e amizades a persuadiram a que participasse em suas diversões e vaidades. Porém rapidamente se arrependeu e lhe doeu o coração pelo resto de sua vida. Considerou esta atitude como a maior infidelidade a seu esposo do céu, pois ela muito se culpava. A morte de sua irmã mais velha, Boaventura, ocorrida pouco depois, confirmou-a nos seus sofrimentos.
Modelo de virtude antes de seus quinze anos de idade.
Com seu exemplo de humildade, obediência e caridade diante de sua família, conquistou a todos, e então permitiram que fosse membro da Terceira Ordem de São Domingos e a ter um quarto privado.
Ali começou a fazer atos de mortificações heroicas. Se alimentava principalmente de ervas e vestia-se com tecidos rudes. Assistia com grande generosidade aos pobres, aos enfermos e consolava aos presos. Submetia sua vontade à vontade do Senhor. Em suas penitências, dava verdadeiro valor ao que fazia.
Suas grandes experiências místicas, não lhe afastaram de duras provas. Sofria por seu temperamento forte, que dominava com grande paciência e pelos banhos quentes que lhe ordenaram os médicos. Em meio a seu esforço por se controlar, orava sem cessar para expiar suas ofensas e purificar seu coração.
Recebe o hábito da Terceira Ordem Dominicana
Na noite anterior de sua profissão na Ordem, depois de passar por uma severa prova na qual o demônio lhe apareceu um cavaleiro muito charmoso e elegante e lhe ofereceu um traje de seda com jóias brilhantes, Catarina se atirou sobre o Crucifixo e gritou: “Meu único, meu amado Esposo, Tu sabes que jamais desejei a ninguém mais do que a Ti. Vem e me ajuda, meu amado Salvador”.
No mesmo instante, estava em frente a Catarina a Mãe de Deus, tendo em suas mãos um traje de ouro, e como voz suave e terna, a Virgem lhe disse: “Este vestido, filha minha, trouxe do Coração de meu filho. Estava escondido na ferida aberta do Coração aberto de meu Filho, como em uma caixa de ouro, que te fiz com minhas próprias mãos”.
Então com fervoro amor e humildade, Catarina inclinou sua cabeça, enquanto a Virgem Mãe de Deus lhe colocava este vestido celestial.
EM 1635, aos 18 anos ( alguns escritores dizem aos 20 anos), recebeu o hábito da Terceira Ordem Dominicana.
Durante três anos, depois de receber o hábito, Catarina viveu na Santa Solidão de seu pequeno quarto e em sua capela favorita. Ali passou por uma formação profunda, baseadas na auto-negação e desenvolvimento espiritual debaixo da direção pessoal de Jesus Cristo e de sua Mãe. Não falava senão com Deus, a Virgem e seu confessor.
Severos ataques do Demônio
A serpente, vendo sua vida angelical, a assaltava buscando destruir suas virtudes. Suscitava em suas imaginações com as mais sujas representações e assaltava seu coração com as mais baixas e humilhantes tentações. Depois sua alma ficava em uma nuvem de escuridão, a mais severa prova que se pode imaginar.
Se via a si mesma várias vezes na beirada do precipício, porém sempre sustentada por uma mão invisível. Suas armas eram: Oração fervorosa, a humildade, resignação e confiança em Deus. Assim venceu as provas que serviram muito para purificar seu coração. Nosso Senhor a visitou e ela lhe disse:” Donde estavas Meu Divino Esposo, enquanto eu vacilava diante de tão temível condição de abandono? Jesus lhe respondeu: “Estava contigo”. “Como?” Respondeu Catarina “Entre as sujas abominações em que infectam minha alma?”
Jesus lhe responde: “Eram desagradáveis e sumamente dolorosas para ti. Este conflito, porém, foi teu mérito, e a vitória sobre ela foi devido a minha presença”.
O inimigo também a instigava ao orgulho... porém a humildade era sua defesa. Deus a recompensou com sua caridade para com os pobres e com muitos milagres.
Núpcias com Jesus
Um dia de quinta-feira depois de que Catarina havia orado o dia com extraordinária fé, Nosso Senhor lhe apareceu e lhe disse: “Já que por amor a Mim tens renunciado a todos os gozos terrestres e desejas gozares somente em Mim, desejo celebrar solenemente Meu casamento contigo e tomar-te como minha esposa na fé”.
Enquanto o Senhor falava, apareceram muitos anjos, Sua Santíssima Mãe, São João, São Paulo e São Domingos (ela era de sua Ordem). E enquanto o Rei Davi tocava uma doce música em sua harpa, nossa amorosa Madre tomou a mão de Catarina e a pôs na mão de seu filho. Então Jesus, pôs um anel de ouro no dedo de Catarina, e disse: “Eu, Teu Criador e Salvador, te aceito como esposa e te concedo uma fé firme que nunca falhará. Nada temas, coloco em ti o escudo da fé e prevalecerá sobre todos teus inimigos”.
Conselheira de papas e dos pobres.
Com a fortaleza recebida do Senhor, Catarina continuou crescendo em seu fervor e afetividade e no apostolado, primeiro entre as pessoas de Sena, logo em Pisa, em Florença e eventualmente nas cidades Papais de Avignon e Roma.
Catarina foi atraindo um grupo de devotos amigos. Todos seus discursos, ações e até seu silencio induzia ao amor e a virtude.
Segundo o Papa Pio II, “todos que se aproximaram dela cresceram nas virtudes, se tornaram melhores pessoas”.
Estabeleceu uma inspiradora correspondência que alcançou seis volumes. Começava todas suas cartas com estas palavras: “Em nome de Jesus Cristo Crucificado e da Doce Maria”/
Santa Catarina chegou a influenciar a dois Papas, numerosos padres e religiosos. Mas que nenhum outro fator, foram as orações e sacrifícios desta jovem esposa de Cristo, as que permitiram serem instrumento de mensagens divinas que chegaram a ser escutadas pelo Papa.
A Conversão de Nannes
Nannes, um poderoso personagem, foi levado até a santa, Nada do que ela falava parecia ter efeito para aquele duro coração. Então Catarina fez uma pausa repentina para oferecer orações por ele. Nesse mesmo instante o jovem começou a chorar, profundamente convertido. Se reconciliou com seus inimigos e se dedicou a penitência. Quando mais tarde Nannes sofreu muitas calamidades temporais. A santa se alegrava como entendendo que era para seu bem espiritual. “Deus purificou seu coração”, disse Catarina: “do veneno com que estava infectado por seu grande apego as criaturas”. Nannes deu a Catarina uma Mansão, que ela com aprovação do Papa, converteu em um convento.
Foram muitas as conversões impressionantes que se deu por sua mediação. Entre elas, durante a peste de 1374, onde serviu os enfermo, juntamente com os santos dominicanos, Raimundo de Cápua e Bartolomeu de Sena.
Os pecadores mais empedernidos se abrandavam diante do poder de suas exortações.
Tinha o dom da cura
Catarina tinha grande compaixão pelos enfermos e os atendia com esmero. Em uma visita a Pisa, enviada por seus superiores, curou a muitos enfermos e levou muitas almas a conversão.
Intercede por um condenado a morte
Como Catarina dedicava toda a sua vida inteiramente ao serviço do Crucificado e de sua Doce Mãe, esta sempre vinha em seu auxílio.
Em ocasiões em que Catarina tinha entre as mãos a conversão de um endurecido pecador, se dirigia com confiança a Mãe de Misericórdia. Através da Virgem Santíssima conseguiu da resignação e da paz para um jovem condenado a decapitação e pode estar com ele até o final.
“Esperei por ele no lugar da execução, esperei em oração continua e na presença de Maria e antes que ele chegasse, pus minha cabeça sobre o ladrilho e orei suplicando ao céu, repetindo: “Maria!”. Queria obter a graça de que ela, no último momento, lhe dera luz e paz. E Maria não me desapontou”.
Milagres ao serviço dos pobres
Em ao menos duas ocasiões Catarina recebeu ajuda sobrenatural da parte da Virgem Maria, quando preparava comida para os demais. Uma vez quando estava fazendo pão para sua família, outra vez foi durante uma epidemia, donde pela mesma quantidade de farinha que tinham todos os demais, conseguiu cinco vezes mais pães.
Não devemos duvidar que Jesus lhe concedia tanto porque ela por sua parte era sempre fiel, disposta a sofrer tudo e passar as maiores provas por Seu Amor.
O maior dos milagres possivelmente foi sua paciência ante os severos ataques e calunias de pessoas ingratas que ela havia beneficiado com seus serviços. Assim foi`o caso de uma mulher leprosa a quem todos haviam abandonado e que Catarina cuidou com esmero. Seu cuidado continuou o mesmo apesar dos insultos da mulher. Atendeu a outra mulher cancerosa. Por muito tempo Catarina vencia seu natural desagrado e cuidava e protegia suas chagas. Esta sem embargo publicou contra Catarina as calúnias mais infames. Catarina sofreu em silencio a perseguição violenta e continuou com afeto seus serviços até que com sua paciência e oração obteve de Deus a conversão de ambas.
Um nobre secretário
Estevão foi um dos mais próximos discípulos de Catarina. Filho de um senador de Sena, este nobre havia sido reduzido a ruína por seus inimigos. A santa lhe ensinou o caminho do Evangelho e a renuncia por seus inimigos. A Santa lhe ensinou o caminho do Evangelho e a renuncia das coisas do mundo. Se fez secretário da santa e cumpriu suas palavras e cartas. Foi seu companheiro nas viagens a Avignón, Florença e Roma. Mais tarde, por conselho da santa, Estevão se fez Monge Cartucho. Assistiu a santa em sua morte e escreveu sobre sua vida.
O Diálogo da Divina Providência
Foi no “dia de Maria”, como Catarina chamava o sábado, que começou seu famoso escrito:“Dialogo da Divina Providência”, um tratado inspirado sobre as virtudes cristãs, que lhe deu o título mais tarde de “Doutora da Igreja”.
Neste Diálogo a Santa relara o que Jesus lhe diz certa vez: “Considerai, caríssima filha, a que estado excelentíssimo fica elevada a alma, quando recebe, no devido modo, este Pão da Vida, alimento dos Anjos. Ao recebe-lo, ela está em mim e Eu nela. Como o peixe está no Mar e o mar no peixe, assim eu estou na alma e alma em mim, que sou o Mar de Paz”.
Catarina foi testemunha de vários prodígios Eucarísticos, como por exemplo, via na Hóstia Santa a Imagem de Jesus Cristo com diferentes idades. O ardente amor que tinha para com a Eucaristia, levou-a a ter uma heróica caridade com os mais pobres.
A Virgem Maria lhe dá um Confessor
Catarina havia orado por muitíssimo tempo para conseguir um bom confessor e diretor espiritual. Ela, como todos os santos, compreendia a importância de ser guiada por um santo pastor de almas. Um dia durante a missa na Igreja dominicana de Santa Maria, em Florência, lhe pareceu a santa que a Virgem estava de pé a seu lado e lhe indicava um sacerdote para que fora seu guia. Era o Padre Raimundo de Cápua, este se converteu no diretor espiritual de Catarina. Depois de muitos anos de relação muito frutífera, lhe chamou: “Meu Padre, meu filho, que minha Doce Maria me deu por presente”. Ele por sua parte cresceu muito espiritualmente graças a inspiração da santa e chegou a ser beatificado.
Inspira o retorno do Papado à Roma
Em, 1375 Florencia, Perugia, e uma grande parte da região Toscana da Itália até os Estados Pontifícios, se juntaram contra a Santa Sé. O coração de Catarina, que três anos antes havia profetizado estes fatos, se encheu de dor. Por suas orações e esforços, muitas cidades, entre elas Arezzo, Luca e Sena, se mantiveram fiéis ao Papa.
O Papa Gregório XI, que residia em Avignon, ao não conseguir nada com suas cartas a Florença, enviou um exército a esta cidade. As divisões internas levaram os florentinos a buscarem reconciliação. Pediram então a Santa Catarina que foi a mediadora deste conflito. A Santa chegou a Avignón em 18 de junho de 1376. O Papa se reuniu com ela e com grande admiração por sua prudência e santidade, lhe disse então: “No quero outra coisa senão paz. Ponho este assunto inteiramente em tuas mãos.
O Papado se encontrava em Avignon (hoje parte da França), desde 1314, quanto foi eleito Papa que recebeu o nome de João XXII. Seus sucessores também viveram em Avignon.
O Papa é o Bispo de Roma, pelo que os romanos protestavam que seu Bispo os havia abandonado por setenta e quatro anos, e ameaçavam com um cisma. Gregório XI havia feito voto secreto de regressar a Roma, porém não se decidia ao notar a resistência de sua corte.
Aproveitando a presença de Catarina em Avignon, lhe consultou sobre o caso, desejando orientação sobre o que fazer:
“Cumpra o que prometeu a Deus”, foi a resposta de Catarina. A santa recebeu do Senhor a certeza de que o Papa devia regressar a Roma e aquele foi o momento em que Deus pode comunicar ao Santo Padre.
O Papa surpreendido pela revelação que Deus, pois seu pensamento não havia revelado a ninguém, decidiu cumprir com sua mudança para Roma. Catarina por varias ocasiões animando-o e apressando-o a retornar para Roma. O Papa saiu de Avignon em 14 de setembro de 1376.
Não tardaram a aparecer os ataques por ciúmes, muitas eram as ciladas farisaicas daqueles que queriam atrapalhar a vida da santa. Porém todos ficaram assombrados diante da capacidade de resposta da santa, principalmente perguntas difíceis sobre a vida interior e outros temas. Por outro lado, os florentinos continuavam em suas intrigas contra o Papa, que enviou Catarina para viver nesta cidade. Ali sofreu muitíssimo e em várias ocasiões teve sua vida ameaçada. Porém ao final de 1378, conseguiu a reconciliação desta cidade com o Sucessor de Gregório, o Papa Urbano VI.
Gosto pela vida contemplativa
Em seguida Catarina voltou a Sena para continuar sua vida solitária de oração intensa. Algumas de suas meditações foram recolhidas do Tratado sobre a Providência.
Por anos viveu em abstinência rigorosa, de tal maneira que praticamente se alimentava somente da Eucaristia. Em uma ocasião jejuou desde quarta-feira de cinzas até o dia da Festa da Ascensão, recebendo somente a Sagrada Hóstia.
A Coroa de Espinhos
Em uma visão, O Senhor se apresentou duas coroas, uma de ouro e outra de espinhos, convidando-a a escolher a que mais lhe atraia. Ela respondeu: “Eu desejo, oh Senhor, viver aqui sempre conformada a Tua Paixão e a Tua dor, encontrando na dor e no sofrimento minha resposta e deleite”. Então, com decisão tomou a coroa de espinhos e a pressionou com força sobre sua cabeça.
Experiências Místicas com a Virgem Maria Mãe de Deus
Duas vezes, em festas litúrgicas especiais, a Virgem lhe ajudou milagrosamente. Durante uma Missa de Ano Novo, Catarina estava tomada pela emoção, quando se pôs de pé para receber a comunhão, quase veio a cair. A Virgem, com suas mãos ternas e ao mesmo tempo forte, a sustentou até que se recuperasse.
No dia da Assunção, que tradicionalmente era a maior festa do ano em Sena, chamada a Cidade da Virgem, Catarina estava muito enferma na cama, e desejava intensamente ao menos poder ver a Catedral. De repente se encontrou no Átrio da Catedral da Assunção de Nossa Senhora, e pode caminhar perfeitamente e participar na Missa Solene dedicada a Virgem.
O Menino Jesus
Catarina tinha grande devoção ao Menino Jesus, uma noite de Natal, enquanto orava com suas irmãs da Terceira Ordem na Igreja de São Domingos, lhe sucedeu uma visão impressionante. A Virgem Maria de joelhos adorando com grande fervor o recém nascido, o Divino Menino. Catarina estava em profundo recolhimento, e suplicou humildemente a Virgem que lhe permitisse pegar nos braços por um momento o Menino Jesus. Com um sorriso afetuoso a Virgem Maria tomou nos braços o Menino Jesus e o entregou a Catarina, que tendo-os em seus braços, o beijou e sussurrou nos seus ouvidos os nomes de todas as pessoas que lhe eram queridas.
Pouco antes de morrer, no Advento, Santa Catarina escreveu estas palavras a uma amiga:
“Te peço, neste doce tempo do Advento e de festa da Natividade de Jesus, que visites o presépio onde repousa o Manso Cordeiro. Ali encontrarás também a Maria, uma estrangeira em um exílio de grande pobreza que não tem como vestir o Filho de Deus, ou fogo para aquece-lo. Assegura-te de sempre recorrer a Virgem Santíssima, abraçando a cruz”.
Santa e Mística
Experimentou maravilhosas experiências misticas. Com a idade de 26 anos, ela começou a sentir as dores de Cristo, em seu corpo. Dois anos mais tarde, em 1375, durante uma visita a Pisa, ela recebeu a Comunhão na pequena igreja de Santa Christina. Quando ela meditava e agradecia orando ao crucifixo, raios de luz furaram suas mãos, pés e o lado e todos puderam ver os estigmas de Cristo nela. Por causa de tanta dor ela não falava nem comia. Assim ficou por oito anos sem comer líquidos ou qualquer outra coisa que não fosse a Sagrada Comunhão.
Ela orava para que as marcas não fossem muito visíveis, e elas ficaram pouco visíveis, mas após sua morte os estigmas ficaram bem visíveis em seu corpo incorrupto, como uma transparência na pele, no local das chagas de Cristo.
As vezes quando orava ela levitava. Uma vez quando recebia a Sagrada Comunhão o padre sentiu a hóstia tornar-se viva, movendo-se agitada e voando de seus dedos para a boca de Catarina.
Especial proteção contra incêndios
Na "Vida de Santa Catarina" a Madre Francisca Rafaela relata que a santa era imune ao fogo. Ela conta que certa vez Catarina caiu em um fogo na cozinha e apesar do fogo ser grande quando foi retirada dele por outros membros presentes, nem ela, nem suas roupas estavam sequer chamuscadas.
As Turbulências políticas continuam
Em 1378, ocorre grande cisma na Igreja. Ao morrer Gregório XI , O Papa Urbano VI foi eleito. Mais tarde vários Cardeais declararam a eleição nula e elegeram outro Papa, Clemente VII, e retornaram a Avignon.
Santa Catarina, sofreu muito por Jesus e sua Igreja. Escreveu a vários Cardeais e Príncipes de vários países implorando-lhes que reconhecessem o Papa Urbano e assim acabasse o cisma. Também escreveu ao Papa Urbano, que controlasse seu temperamento difícil, que justamente foi o responsável por gerar os conflitos. O Papa escutou Catarina, retrocedeu em seus atos e designou para ajudá-lo a persuadir os Cismáticos. Trabalhando na missão em Roma, morreu jovem, aos 33 em anos de idade, em 29 de abril de 1380.
Seu corpo foi encontrado incorrupto e conservado em 1430.
Foi canonizada em 1461 e declarada Doutora da Igreja em 1970.
É co-padroeira do Continente Europeu junto com Santa Edith Stein e Santa Brígida da Suécia, e padroeira da Itália junto com São Francisco
Para apreciar a vida da Santa, tão abençoada com dons extraordinários, não podemos esquecer de seu incondicional amor à cruz. Teve grandes e prolongados sofrimentos, tanto os físicos como os de coração.
“Quando se ama muito, se sofre muito pelo amado”’. Ela sofria as ofensas contra Jesus, contra sua Mãe, contra a Igreja, contra os pobres. Sofria pelos pecadores. Ainda que, muitos admiravam sua personalidade, outros tantos a perseguiram e a fizeram sofrer. Suas virtudes heróicas a fizeram vitoriosa sobre suas paixões e as provas mais difíceis. É por isso tudo que devemos admirar e nos servir de inspiração na busca da santidade a vida de Santa Catarina.
Em Santa Catarina de Sena, vemos o que Deus pode fazer com um coração que se deixa transpassar de por Ele e pela Virgem Maria.







